O peso invisível – como o ambiente de trabalho impacta a saúde mental das mulheres e o que as empresas podem fazer para mudar esse cenário
As mulheres são mais afetadas por estresse, ansiedade e burnout, representando 52% dos casos de doenças no trabalho. A sobrecarga emocional e a falta de equidade agravam esse quadro. Empresas que priorizam o bem-estar aumentam a produtividade em até 12% e reduzem em até 40% os afastamentos por problemas psicológicos
No cenário corporativo atual, as mulheres enfrentam desafios significativos que afetam diretamente sua saúde mental.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que problemas de saúde mental, como estresse e ansiedade, representam 52% de todos os casos de lesões ou doenças no ambiente de trabalho.
No Brasil, a situação é ainda mais alarmante: aproximadamente 30% dos trabalhadores sofrem da síndrome de burnout, sendo as mulheres as mais afetadas.
A sobrecarga emocional e física enfrentada pelas mulheres no ambiente corporativo é resultado de jornadas exaustivas, falta de equidade, assédio e a dupla jornada, que inclui responsabilidades profissionais e domésticas. Esses fatores contribuem para o aumento de casos de ansiedade, depressão e burnout entre as trabalhadoras.
Estudos apontam que as mulheres são mais propensas a problemas psicológicos, como depressão e ansiedade, refletindo questões de ordem hormonal e social.
Fatores que contribuem para o adoecimento mental das mulheres
Sobrecarga de trabalho e dupla jornada
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres dedicam, em média, 10,4 horas semanais a mais do que os homens em atividades não remuneradas, como cuidados domésticos e familiares.
“Esse acúmulo de responsabilidades reduz o tempo disponível para descanso e autocuidado, impactando diretamente sua saúde mental”, afirma Dr. Ricardo Pacheco, médico, gestor em saúde, palestrante, mentor e presidente da ABRESST (Associação Brasileira das Empresas de Saúde e Segurança do Trabalho).
Falta de equidade e reconhecimento
A desigualdade salarial ainda é um problema estrutural no Brasil.
Ainda segundo o IBGE, as mulheres ganham, em média, 22% menos que os homens ocupando os mesmos cargos. Além disso, a presença feminina em cargos de liderança ainda é limitada, gerando frustração e sensação de desvalorização.
Para o Dr. Ricardo Pacheco, a desigualdade salarial e a escassez de mulheres em cargos de liderança são reflexos de um sistema corporativo que ainda carece de equidade. “Essa falta de reconhecimento gera um impacto emocional negativo, minando a autoestima e o bem-estar das trabalhadoras, além de comprometer sua saúde mental e motivação no trabalho”, afirma o médico.
Assédio e ambiente hostil
Uma pesquisa do LinkedIn revelou que 44% das mulheres já sofreram algum tipo de assédio no ambiente de trabalho.
O medo de represálias e a falta de políticas claras para coibir esse tipo de comportamento fazem com que muitas profissionais se sintam desamparadas e vulneráveis.
“O assédio no ambiente de trabalho não é apenas uma violação de direitos, mas também um fator que afeta profundamente a saúde mental das mulheres. Quando as empresas não possuem políticas claras de prevenção e combate, as trabalhadoras se sentem impotentes, o que gera um impacto emocional que pode levar a quadros graves de ansiedade, depressão e até burnout”, alerta o médico e presidente da ABRESST.
O papel das empresas na promoção da saúde mental feminina
Dr. Ricardo Pacheco destaca ainda que a saúde mental das mulheres é profundamente impactada por fatores psicossociais presentes no ambiente de trabalho. “É fundamental que as empresas reconheçam esses fatores e implementem políticas eficazes para mitigar seus efeitos”.
Ele enfatiza a necessidade de estratégias que promovam a equidade de gênero e a criação de ambientes laborais mais saudáveis.
Para reverter esse quadro, as empresas devem adotar medidas que promovam um ambiente de trabalho mais acolhedor e inclusivo. Entre as ações recomendadas estão:
Implementação de políticas de igualdade de gênero: assegurar oportunidades iguais para homens e mulheres em todos os níveis hierárquicos.
Promoção de programas de apoio à saúde mental: oferecer suporte psicológico e iniciativas de bem-estar no ambiente de trabalho.
Flexibilidade de horários: possibilitar arranjos de trabalho que auxiliem na conciliação entre vida profissional e pessoal.
Treinamento de lideranças: capacitar gestores para identificar sinais de sobrecarga e agir preventivamente.
Benefícios do investimento na saúde mental das trabalhadoras
Empresas que investem na saúde mental de suas trabalhadoras colhem benefícios não apenas para as elas, mas para a organização como um todo.
Estudos mostram que ambientes corporativos que priorizam o bem-estar registram aumento de até 12% na produtividade e redução de até 40% nos afastamentos por problemas psicológicos. Além disso, a retenção de talentos é maior em companhias que adotam políticas voltadas para a equidade e inclusão.
Como ressalta o Dr. Pacheco: “Ao promovermos a saúde mental no ambiente corporativo, estamos construindo organizações mais fortes e resilientes. Criar um ambiente seguro e igualitário não é apenas uma questão de justiça social, mas também um investimento estratégico para o sucesso empresarial”.
O médico é taxativo ao afirmar que é imperativo que as empresas reconheçam o peso invisível que recai sobre as mulheres e atuem de forma proativa para criar um ambiente de trabalho mais justo e saudável. “Somente assim será possível reverter o cenário atual e garantir o bem-estar de todas as trabalhadoras”.
Fato é que investir na saúde mental feminina não é apenas uma responsabilidade social, mas uma estratégia fundamental para construir um futuro corporativo mais equilibrado e produtivo.
Sobre o Dr. Ricardo Pacheco
Dr. Ricardo Pacheco é médico do trabalho, gestor em saúde e empresário, formado pela Faculdade de Ciências Médicas de Santos. Iniciou sua trajetória com foco na saúde ocupacional e, ao longo dos anos, expandiu sua atuação para a promoção da saúde integral.
Em 2001, fundou sua primeira empresa de saúde, que posteriormente consolidando-se como uma plataforma de referência no setor.
Desde 2002, integra a ABRESST (Associação Brasileira de Empresas de Saúde e Segurança do Trabalho), assumindo a Diretoria de Ética e Legislação em 2008. Nessa posição, foi ouvinte na Câmara Técnica de Medicina do Trabalho, representando a entidade, e desenvolveu projetos importantes, como a implantação do Selo de Qualidade ABRESST e o apoio direto à presidência.
Em 2019, tornou-se presidente da entidade, cargo que ocupa pelo terceiro mandato consecutivo, expandindo significativamente o impacto da entidade, que hoje assiste mais de 4 milhões de trabalhadores.
Dr. Ricardo teve papel essencial na revisão e criação de Normas Regulamentadoras (NRs), como o Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) e o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) da NR-01, além da inclusão de riscos psicossociais nas normativas. Também participou da criação da NR-38, voltada à segurança dos trabalhadores na limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.
Durante a pandemia da covid-19, liderou protocolos de segurança para grandes produções audiovisuais e promoveu eventos online pela ABRESST, orientando empresas e trabalhadores sobre boas práticas em SST. Ativamente presente nos principais congressos do setor, foi um dos responsáveis pela retomada da 25ª edição do COBRASEMT, um dos mais importantes eventos da área.
Recentemente, participou do G20 no Brasil, abordando questões como estresse térmico e saúde ocupacional.
Reconhecido por sua expertise, colabora com entidades como ANAMT e ABERGO e frequentemente participa de veículos de comunicação para divulgar temas relacionados à saúde e segurança do trabalho. Seu compromisso com inovação e resultados faz dele um dos grandes nomes da saúde ocupacional no Brasil.
Dr. Ricardo Pacheco, CRM-SP 87570 I RQE 22.683.
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SANDRA MARIA DA CUNHA
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