Tem sido usuais as notícias de mortes devido à intoxicação por monóxido de carbono. Um casal de jovens morreu dentro de um carro na região metropolitana do Rio de Janeiro, no início de julho deste ano, enquanto mantinham o ar-condicionado ligado. Foi confirmada a morte por intoxicação por monóxido de carbono, provavelmente devido a um vazamento pelo sistema de ar-condicionado do veículo. No Réveillon deste ano, quatro turistas mineiros morreram da mesma forma em Balneário Camboriú/SC, após aproximadamente 4 horas de funcionamento. O laudo comprovou vazamento do gás pelo sistema de ar-condicionado, que havia passado por modificações. Em abril, mais um caso aconteceu em um posto de gasolina de Cajati/SP, com a morte de mais um casal. Não foram encontrados problemas no veículo, porém o elevado fluxo de carros e caminhões no posto de gasolina, que emitem gases tóxicos, pode ter contribuído para o acidente. Embora muitos relatos sejam relacionados a problemas veiculares, observamos também mortes devido ao mal funcionamento de aquecedores de água residenciais. Em agosto, uma família entrou em óbito em Uberlândia/MG enquanto um dos membros tomava banho. Havia um vazamento do gás de combustão do aquecedor de água para dentro do apartamento.
No Brasil, o uso de combustíveis fósseis, como gasolina, diesel e GN (gás natural), é amplamente difundido para uso veicular, assim como o GLP (gás liquefeito de petróleo) para uso residencial, tanto para o preparo de alimentos quanto para aquecimento de água. Por ser um combustível altamente inflamável, o projeto e a instalação de redes de distribuição de gás devem ser realizados de forma muito criteriosa, seguindo as normas vigentes, assim como os materiais e equipamentos devem ser certificados pelo INMETRO.
Quando se trata de instalações em espaços fechados, os cuidados devem ser redobrados, pois qualquer vazamento confinado nos expõem a grandes riscos, como de explosão e até a morte porasfixia, devido à falta de oxigênio. Originalmente, o GLP e o GN são inodoros, porém são adicionadas mercaptanas (compostos químicos a base de enxofre) aos gases para dar o odor característico, aquele cheiro que sentimos durante um vazamento de gás. Não subestime qualquer nível de odor. Investigue, busque a fonte do vazamento, sem utilizar fontes de calor como meio de detecção. Se o cheiro estiver forte, ventile o local, não ligue ou acenda qualquer coisa que possa gerar faísca e, se não conseguir conter o vazamento, chame os bombeiros.
Tanto quanto observar a estanqueidade do sistema de distribuição do gás, cuidar da manutenção do equipamento responsável pela queima do combustível também é crucial para a nossa segurança. Para uma combustão completa, o aquecedor de água, ou o nosso fogão, por exemplo, utiliza o oxigênio (O2) do ar, que junto com o gás e uma fonte de calor geram o gás carbônico (CO2) e água. Este oxigênio precisa ser constantemente reposto, tendo em vista que está sendo consumido pela reação de combustão. Em locais fechados, sem ventilação, a velocidade de reposição de oxigênio não é suficiente para garantir a combustão completa, resultando em monóxido de carbono (CO) e água. O CO é um gás inodoro, incolor e, se inspirado pelas pessoas que ocupam o ambiente, pode levar à morte por intoxicação. Isso porque o CO possui maior afinidade com a hemoglobina do nosso sangue, não permitindo que o O2 seja absorvido pelo nosso organismo. Esta intoxicação é caracterizada por alguns sintomas iniciais como enjoos, dor de cabeça, tontura, fraqueza, dificuldade de concentração e falta de ar.
A melhor forma de evitar os riscos envolvidos com o uso residencial de gás combustível é o cuidado no projeto e na execução das instalações. É importante considerar as normas vigentes e as boas práticas reduzem, e muito, a possibilidade de vazamentos ocultos, como em uma má combustão em um aquecedor de água, devido a uma chaminé inadequada.
Outra forma de se prevenir é sempre ter uma janela entreaberta em cômodos que possuem rede de gás, evitando acúmulo de gás no caso de um vazamento, e garantindo a reposição de oxigênio se for o caso do local de instalação do aquecedor de água. Neste último caso, de qualquer forma, é sempre bom considerar a possibilidade de instalá-lo externamente à residência.
*Ana Carolina Tedeschi Gomes Abrantes é Engenheira Química, Doutora em Engenharia e Ciência dos Materiais. Coordenadora do CST em Processos Químicos EaD. Professora na Escola Superior Politécnica – UNINTER
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JULIA CRISTINA ALVES ESTEVAM
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