A nutrição por meio do leite materno salva vidas. Conscientizar as gestantes e puérperas sobre a importância da amamentação de seu bebê e estimular a doação tem sido o objetivo dos profissionais nas unidades básicas de saúde (UBSs) do município de São Paulo por meio de várias iniciativas. Neste 19 de maio, considerado o Dia Mundial de Doação de Leite Humano, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) reforça a importância do aleitamento materno e destaca algumas iniciativas para sensibilizar sobre a importância do leite humano para a saúde e o desenvolvimento dos bebés, especialmente para os prematuros e recém-nascidos com necessidade de apoio nutricional.
O leite materno é um alimento completo pela sua composição química. Nele estão contidas todas as proteínas, vitaminas, gorduras, água e os nutrientes necessários para o desenvolvimento saudável dos bebês. Satisfaz todas as necessidades do recém-nascido nos primeiros seis meses de vida, inclusive de água. Protege contra infecções respiratórias e diarreia, diminui o risco de alergias, hipertensão, diabetes e hipercolesterolemia e tem grande impacto sobre a morbimortalidade infantil. Melhora o desenvolvimento cognitivo, da saúde bucal e fonoaudiológica.
A doação de leite humano é importante para minimizar mortes e contribuir para recuperação do estado nutricional destes recém-nascidos que não podem ser amamentados pelas suas mães. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu que até 2030, pelo menos 70% das crianças com menos de 6 meses de vida estejam em aleitamento materno exclusivo (AME), enquanto o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infanti (Enani) de 2019 revelou prevalência de 45,8% no Brasil.
“Toda pessoa que amamenta é uma possível doadora de leite humano. Qualquer quantidade de leite humano doado pode ajudar os bebês internados, que, a depender de seu peso e condições clínicas, podem precisar de apenas 1ml a cada refeição”, afirma Athenê Maria Mauro, responsável pela Área Técnica de Saúde da Criança e do Adolescente. “Quem doa leite humano está doando amor, e os bebês recebem vida a cada gota doada.”
Bancos de Leite Humano
A cidade de São Paulo possui diversos Bancos de Leite Humano; desses, três são municipais, localizados nos hospitais Dr. Alípio Corrêa Netto (Ermelino Matarazzo, na zona leste), Hospital Municipal Maternidade-Escola Vila Nova Cachoeirinha (zona norte) e Hospital Municipal Fernando Mauro Pires da Rocha (Campo Limpo, zona sul), que colaboram para abastecer as unidades neonatais em toda a cidade.
O leite humano doado a estes bancos atende bebês com os mais diversos perfis, internados em unidades neonatais, em sua maioria prematuros. Cerca de 95% dos que se beneficiam do leite doado são recém-nascidos com baixo peso ou prematuros que tenham prescrição médica de leite humano. O material colhido passa por um processo rigoroso que envolve análise, pasteurização e controle de qualidade antes de ser fornecido aos bebês internados.
Em 2024, o banco de leite do Hospital Municipal Ermelino Matarazzo arrecadou 1.417 litros de leite humano de 696 doadoras, que beneficiaram 646 bebês; o banco de leite do Hospital Municipal de Vila Nova Cachoeirinha arrecadou 1.411 litros, de 548 doadoras, para 1.982 bebês, enquanto o Hospital Municipal do Campo Limpo arrecadou 981 litros de 958 doadoras, para 706 bebês. Em 2025, até abril, as três instituições captaram, respectivamente, 359 litros, 262 litros e 578 litros.
Vanilda Silva de Souza, enfermeira supervisora do Banco de Leite Humano do Hospital Municipal do Campo Limpo, conta sobre a realidade na instituição: “Somos referência de parto de alto risco, portanto nossa UTI neonatal está sempre cheia, com uma média de tempo de internação de 21 dias; geralmente fornecemos leite humano para 15 bebês por dia, sendo 8 vezes nas 24 horas, variando de 1 a 45 ml por vez”.
Segundo ela, as doadoras normalmente são mães que tiveram seus bebês em outras maternidades, o que faz com que o tempo em que permanecem doando varie de acordo com sua disponibilidade. “Temos mulheres que doam uma única vez e outras que chegam a doar por mais de um ano, o que exige esforço, pois é trabalhoso fazer a extração do leite, e a mulher já tem várias outras obrigações”. A profissional ressalta que a busca por mais doadoras para o Banco de Leite Humano é um desafio constante. “Como temos 29 leitos entre UTI neonatal e berçário, poderíamos atender mais bebês.”
Zona Leste movimenta-se em prol da amamentação e doação
Há sete anos a região de São Mateus, na zona leste, deu início a um movimento importante em prol da amamentação e doação de leite humano. Para facilitar o processo de coleta pelo banco de leite local, profissionais de saúde e puérperas criaram o primeiro Centro de Apoio à Lactação (Cenalac), responsável por ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno e estocagem da produção láctea trazida de casa pelas nutrizes, por parentes ou mesmo pela equipe da UBS em visita domiciliar.
A doação de leite materno é estimulada na ida das puérperas às reuniões semanais do Grupo de Apoio ao Aleitamento Materno Exclusivo (Gaame) na Unidade Básica de Saúde (UBS). Além das conversas e orientações, no encontro, as mamães doam leite previamente retirado e congelado. Acondicionado em um freezer localizado na própria UBS, o Banco de Leite Humano (BLH) de referência na região passa para retirá-lo.
A ações do Gaame e do Cenalac representam também autonomia, pois a extração do leite permite que a mulher não apenas tenha este importante gesto de solidariedade, mas que também volte à sua rotina sem prejuízo da nutrição do seu bebê.
Hoje existem 10 centros ativos na zona leste, que reúnem em média 100 doadoras, que normalmente contribuem com a doação de leite humano ao longo do período de licença-maternidade. Em 2024, as participantes doaram mais de 153 litros de leite, que contribuíram para abastecer os bancos de leite de dois hospitais da zona leste, o Hospital Municipal Professor Doutor Alípio Corrêa Netto (Ermelino Matarazzo) e o Hospital Maternidade Leonor Mendes de Barros, vinculado à Secretaria de Estado da Saúde, no Belenzinho. Em 2025, até abril, já foram doados 34,5 litros de leite nas UBSs que integram o Cenalac.
Sala de Amamentação – UBS Jardim Mitsutani
No Campo Limpo, na zona sul da capital, a Unidade Básica de Saúde (UBS) Jardim Mitsutani criou um ambiente especial para acolher e orientar as mães gestantes e, principalmente, puérperas que apresentem dúvidas ou quaisquer dificuldades no processo de amamentar.
Inaugurado em dezembro de 2023, o espaço recebe de 15 a 20 pacientes mensalmente. O objetivo é orientar, apoiar e solucionar problemas relacionados à amamentação, promovendo uma experiência positiva e eficaz para a mãe e o bebê.
A sala fica disponível para as pacientes todos os dias, e serve como um ponto de apoio para o profissional de enfermagem realizar o acompanhamento das pacientes que necessitem de auxílio com a amamentação. As puérperas que desejem realizar a doação de leite materno também são orientadas a entrar em contato com o Banco de Leite do Hospital Campo Limpo, referência para a unidade.
Veja quais são os bancos de leite humano da rede municipal:
Hospital Municipal Maternidade-Escola Vila Nova Cachoeirinha
Telefone: (11) 3986-1011
Hospital Municipal Fernando Mauro Pires da Rocha (Campo Limpo)
Telefone: (11) 3394-7678
Hospital Municipal Prof. Dr. Alípio Corrêa Netto (Ermelino Matarazzo)
Telefone: (11) 3394-8046/8153