A traqueostomia é um procedimento médico que pode salvar vidas, mas, para muitas famílias, representa também um grande desafio no dia a dia. Trata-se de uma técnica que consiste na criação de uma abertura na traqueia, proporcionando uma via alternativa para a passagem de ar em direção aos pulmões. Para crianças que necessitam desse procedimento, a adaptação envolve uma série de cuidados e acompanhamento contínuo para garantir não apenas a segurança, mas também o desenvolvimento pleno.
De acordo com o 1º Consenso Clínico e Recomendações Nacionais sobre Crianças Traqueostomizadas, elaborado pela Academia Brasileira de Otorrinolaringologia Pediátrica (ABOPe) e pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), as taxas de mortalidade associadas à traqueostomia infantil variam de 0% a 5,9%. “Embora seja um procedimento seguro quando realizado com acompanhamento adequado, a complexidade dos cuidados exige suporte especializado e capacitação das famílias”, comenta o otorrinolaringologista e presidente da ABOPe, Dr. Rodrigo Guimarães Pereira.
Nos últimos anos, o número de traqueostomias pediátricas tem crescido. O especialista destaca um levantamento realizado pela ABOPe em 2023, com dados de 11 centros brasileiros especializados, mostrou que, entre crianças de 0 a 3 anos, houve um aumento de 23% no número de procedimentos realizados em 2022 em comparação a 2021. Esse crescimento reforça a necessidade de políticas públicas e iniciativas de conscientização para garantir o acesso a cuidados adequados.
A traqueostomia não deve ser vista como uma limitação definitiva. Com os cuidados adequados e o apoio de uma equipe multidisciplinar, muitas crianças conseguem recuperar habilidades importantes, como a fala, a alimentação via oral e até mesmo o desmame do ventilador mecânico”, explica o Dr Rodrigo.
Outro aspecto fundamental é o treinamento das famílias e cuidadores. Saber como realizar a aspiração correta das secreções, manter a higiene do dispositivo e identificar sinais de complicações pode evitar internações e melhorar significativamente a qualidade de vida das crianças. Para auxiliar nesse processo, a ABOPe disponibiliza um manual gratuito em seu site (https://abope.org.br), com orientações práticas para famílias e profissionais de saúde sobre os cuidados específicos com crianças traqueostomizadas.
Campanha reforça visibilidade da causa
Instituído pela Lei 14.249/21, o Dia Nacional da Criança Traqueostomizada, celebrado em 18 de fevereiro, tem como objetivo ampliar a conscientização sobre as necessidades específicas desse grupo. Para marcar a data, a Academia Brasileira de Otorrinolaringologia Pediátrica (ABOPe) e a ABORL-CCF promovem uma campanha especial entre os dias 17 e 22 de fevereiro, com ações presenciais e digitais.
No dia 18, representantes da ABORL-CCF participam de uma mobilização no Congresso Nacional para reforçar a causa. Como parte da homenagem, o prédio do Congresso será iluminado de roxo, destacando a importância da data.
“Nosso objetivo, além de educar, é mostrar que há caminhos para que essas crianças tenham uma vida plena, com direito ao desenvolvimento, à comunicação e à convivência social. É preciso desmistificar a traqueostomia, combatendo preconceitos e inseguranças, e garantir que as famílias tenham acesso ao suporte necessário para lidar com os desafios do dia a dia com segurança e confiança”, destaca o otorrinolaringologista e presidente da ABORL-CCF, Dr. Leonardo Haddad.
Durante a semana, centros especializados, como o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, a Escola Paulista de Medicina (Unifesp) e o Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, oferecerão orientações para familiares e capacitação para profissionais da área da saúde. Além disso, serão distribuídos materiais educativos sobre os cuidados com a traqueostomia infantil.
Nas redes sociais, a campanha será divulgada nos perfis @otorrinoevoce e @abopepediatrica, trazendo vídeos informativos, depoimentos de especialistas e materiais didáticos acessíveis ao público.
Serviço
Campanha do Dia Nacional da Criança Traqueostomizada
Data: 17 a 22 de fevereiro
Canais:
Academia Brasileira de Otorrinolaringologia Pediátrica: Instagram @abopepediatrica.
Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial: Instagram @otorrinoevoce
Manual de cuidados da criança com traqueostomia: https://abope.org.br/
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PAMELLA BARBARA CAVALCANTI E SILVA
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