A recente proibição do uso de celulares em sala de aula gerou debates em todo o país. Para além das questões pedagógicas, a medida também levanta preocupações quanto ao impacto na saúde mental dos adolescentes. De acordo com a psicóloga Isabela Santana, responsável técnica de Psiquiatria da Telavita, é fundamental que pais e educadores estejam atentos aos sinais de sofrimento emocional e adotem uma abordagem acolhedora para lidar com as mudanças.
Para a especialista, a proibição do uso de celulares pode gerar reações intensas em alguns adolescentes, como irritabilidade, choro ou até comportamento agressivo. “Em casos mais graves, a retirada abrupta do acesso pode desencadear sintomas semelhantes aos de uma abstinência, com intensa ansiedade”, alerta.
Para minimizar os impactos negativos, Isabela recomenda que a aplicação da regra seja feita de forma progressiva, com espaço para diálogo e compreensão. “Pais e escolas devem promover momentos de conversa para que os adolescentes expressem suas insatisfações e entendam a importância de estabelecer limites”, sugere.
Apesar dos desafios, a psicóloga destaca que a proibição do uso de celulares pode trazer vantagens para o desenvolvimento emocional dos adolescentes. “A medida pode melhorar o foco e a concentração, reduzir casos de dependência digital e cyberbullying, além de incentivar interações presenciais mais saudáveis”, afirma Isabela. Além disso, a restrição pode ajudar os jovens a lidarem com emoções desconfortáveis sem recorrer ao uso excessivo de tecnologia.
A diretora pedagógica e de operações escolares, Andrea Gimenes, observou que os alunos da escola em que atua ficaram receosos com a nova regra. No entanto, ela percebeu uma melhora na interação entre eles. “Tivemos mudanças bastante positivas. Além do foco nos estudos, notamos que os adolescentes estão fazendo mais amizades, resgatando brincadeiras que estavam adormecidas, utilizando mais os espaços de leitura oferecidos pela escola e ampliando seu repertório de conhecimentos”, diz Andrea.
Sinais de alerta: quando se preocupar?
Isabela destaca que alterações no apetite ou no sono, mudanças de comportamento como isolamento social, queda no desempenho escolar, automutilação, comportamento suicida ou sentimentos persistentes de tristeza e irritabilidade são indícios claros de que algo não está bem. “Esses sinais exigem atenção e, em caso de dúvida, buscar a orientação de um profissional especializado é essencial”, explica.
Para diferenciar comportamentos comuns da adolescência de algo mais preocupante, a psicóloga reforça a importância do diálogo aberto e sem julgamentos. “A adolescência é um período de intensas transformações físicas, emocionais e sociais. Escutar com empatia e respeitar os sentimentos do jovem são passos fundamentais para construir um ambiente de confiança”, reforça.
Para garantir um equilíbrio emocional, a psicóloga recomenda a adoção de hábitos saudáveis, como:
Estabelecer uma rotina de sono adequada;
Limitar o tempo de exposição às telas;
Incentivar atividades físicas e ao ar livre;
Oferecer um ambiente seguro para diálogo aberto e sem julgamentos;
Buscar ajuda profissional ao primeiro sinal de sofrimento emocional.
“A prevenção é essencial. A terapia não deve ser vista como um último recurso, mas como uma ferramenta importante para auxiliar os adolescentes a atravessarem essa fase de maneira mais saudável e equilibrada”, conclui Isabela Santana.
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Louise Barbosa Favaro
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