Outubro de 2024 – O câncer de ovário é uma doença complexa que afeta cerca de 7.310 mulheres no Brasil anualmente, sendo esse o oitavo câncer mais incidente nas mulheres e o segundo no ranking dos cânceres ginecológicos. Apesar de existirem diversas opções de tratamento disponíveis, muitas pacientes ainda enfrentam dificuldades no acesso a essas terapias, especialmente as mais modernas.
Neste contexto, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) abriu recentemente a Consulta Pública nº 68 para discutir a incorporação de niraparibe como tratamento de manutenção para as pacientes com o câncer de ovário avançado com mutação BRCA, no SUS.
Segundo o médico oncologista Dr. Fernando Maluf, cofundador do Instituto Vencer o Câncer e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo, estudos mostram que até 85% das pacientes com câncer avançado apresentam recorrência mesmo após obter resposta completa ou parcial com quimioterapia associada à cirurgia, o que justifica a necessidade de ampliar o acesso a novos tratamentos.
“O número de óbitos causados pela doença chega a 4 mil por ano no Brasil. Isso evidencia a necessidade de abordagens terapêuticas inovadoras e seguras que não apenas prolonguem o tempo livre de progressão, mas também reduzam a chance de recorrência, minimizando complicações mais graves e a necessidade de tratamentos adicionais, como cirurgias, quimioterapia e internações”, enfatiza o Dr. Maluf.
Ainda de acordo com o oncologista, a ampliação do acesso às novas terapias é vital para assegurar que todas as pacientes, independentemente de sua condição socioeconômica, possam ter acesso aos melhores tratamentos. “A participação e engajamento da sociedade na consulta pública é um passo essencial para fazer com que essas novas opções de tratamento sejam incluídas no sistema público de saúde e garantam mais qualidade de vida a pacientes com câncer de ovário”, complementa.
Inovações no tratamento do câncer de ovário
Nos últimos anos, a abordagem terapêutica para o câncer de ovário avançado passou por uma revolução com a introdução dos tratamentos de manutenção. Diferente das terapias convencionais, que visam atacar as células tumorais diretamente, o tratamento de manutenção é uma estratégia de longa duração prescrita após a quimioterapia, com o objetivo de manter a eficácia do tratamento inicial e aumentar o tempo livre de recorrência do câncer. Esse recurso tem se mostrado essencial para evitar a recidiva precoce da doença, especialmente em pacientes com mutações genéticas específicas, como as no gene BRCA.
É nesse contexto que o niraparibe, um inibidor de PARP (poli ADP-ribose polimerase), demonstrou eficácia na manutenção do efeito da quimioterapia e no maior intervalo de tempo sem a recorrência do câncer. Ele atua impedindo que o DNA das células tumorais seja reparado e, assim, auxilia na morte dessas células. Sendo esse um processo importante principalmente para as pacientes que apresentam mutação no gene BRCA.
Por que é importante opinar sobre a incorporação do niraparibe?
Acesso igualitário ao tratamento: A incorporação do niraparibe no SUS pode garantir que as pacientes com câncer de ovário avançado, independentemente de sua condição socioeconômica, tenham acesso a esse tratamento inovador;
Melhoria na qualidade de vida: Estudos clínicos indicam que o niraparibe pode aumentar a sobrevida das pacientes e manter a qualidade de vida. Isso é crucial para pacientes e suas famílias, que enfrentam desafios físicos e emocionais;
Valorização da opinião pública: A participação na consulta pública é uma forma de exercer seu direito como cidadão e influenciar diretamente as políticas públicas de saúde. Sua opinião pode fazer a diferença na decisão de incorporar o niraparibe ao SUS.
Profissionais de saúde, pacientes, familiares e a população em geral podem contribuir com seus depoimentos na Consulta Pública n°68. Para participar e ter mais informações é necessário acessar este link.
Como participar da consulta pública
A participação é simples e essencial para aumentar as chances de que novos medicamentos estejam disponíveis gratuitamente no SUS. Veja o passo a passo:
Acesse o site da Conitec: Visite www.conitec.gov.br para acessar a consulta pública.
Informe-se: Leia o relatório técnico disponível no site para entender os benefícios do niraparibe.
Envie sua opinião: Preencha o formulário de consulta pública compartilhando suas considerações e apoio à incorporação do tratamento.
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MATHEUS DUARTE DE SOUZA
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