São Paulo, fevereiro de 2025 – A dor crônica é a causa que mais afasta as pessoas do trabalho, no Brasil e no mundo e impacta de modo significativo a qualidade de vida e a rotina diária, sendo considerada um problema de saúde pública mundial que pode gerar perdas financeiras significativas, estresse físico e emocional e prejudicar a funcionalidade, o sono, apetite, cognição, humor, relacionamentos, qualidade de vida, desempenho pessoal e profissional e o lazer. Alguns especialistas já apontam a dor crônica como uma pandemia mundial.
Um estudo sobre epidemiologia da dor no Brasil, realizado pelo Centro de Fisioterapia da Universidade Estácio do Ceará e da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, de Ribeirão Preto, em 2020, mostra que cerca de 95,6 milhões de pessoas, ou seja 45% da população brasileira, em média, tem dor crônica. Desse total, aproximadamente, um terço (36% ou 34,4 milhões) tem dor musculoesquelética como a osteoartrite, a síndrome dolorosa miofascial, bursite, entre outras. As dores neuropáticas, que tem componente de lesão de estrutura nervosa, afetam 14% da população brasileira, e as dores nociplásticas que causam um aumento de sensibilidade do sistema nervoso periférico e central, onde não há lesão de estruturas anatômicas e sim de função, causando enxaqueca, cefaleias e fibriomialgias entre outras, atingem 12% das pessoas.
A professora Lin Tchia Yeng, médica fisiatra e coordenadora do Núcleo de Dor do Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), afirma que é fundamental “avaliar o paciente com dor de forma global, porque o tratamento tem um escopo interdisciplinar e integrado, não pode estar focado apenas em uma área de especialidade médica específica.
Para aliviar a dor os pacientes podem utilizar analgésicos, antidepressivos, anticonvulsivantes que são utilizados e servem para modular a percepção da dor. “Mas essa conduta não é suficiente para eliminar a dor”, informa o neurologista Gabriel Kubota, que atua nos Grupos de Dor do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) e do Departamento de Neurologia do HCFMUSP. “O tratamento em geral é feito combinando várias especialidades médicas e não médicas com tratamentos farmacológicos e não farmacológicos, como medidas de fisioterapia, odontologia, psicoterapia, até orientação para a prática de atividade física, entre outras”, explica. Diversas áreas de medicina como acupuntura, neurologia, ortopedia, anestesiologia, fisiatria, pediatria, geriatria, entre outras, também atuam com pacientes com dores crônicas.
A professora Lin, costuma parafrasear o cirurgião francês René Leriche, que disse que “a saúde é o silêncio dos órgãos do corpo”, e ressalta que “se o corpo manifesta dor, é preciso descobrir as suas causas e verificar pequenos detalhes no dia a dia da pessoa como, por exemplo, como é a ergonomia do paciente no seu dia a dia, no ambiente de trabalho, no lar, no sono, na prática esportiva e no lazer, entre outros, por sobrecarregar o organismo.
A alimentação é outro ponto a ser analisado, pois uma má alimentação faz com que o paciente fique sem energia, mais fatigado, como dores musculares. Um artigo recente da Nature revelou que “cerca de 50% da população global tem deficiência de micronutrientes, o que é chamado de fome oculta, e com isso o organismo não funciona direito”, afirma Lin. Ela reforça que é preciso também ter uma atividade física regular e ter controle de stress para garantir uma boa qualidade de vida.
Dores mais comuns
Segundo Lin, a grande maioria dos pacientes atendidos no ambulatório do Núcleo de Dor do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do HC-FMUSP são de dores musculoesqueléticas do aparelho locomotor, como dores musculares, cervicalgias, lombalgias, osteoartrites, no pós-operatório, entre outras, e cuja principal linha de tratamento é a reabilitação, em conjunto com o tratamento farmacológico e suporte psicossocial. Uma menor porcentagem, em torno de 25 %, são as dores neuropáticas relacionadas à lesão do sistema nervoso, como dores pós amputação (dor fantasma e do membro amputado) por acidente de trânsito, em lesão medular ou até pós-traumática de estruturas nervosas em acidentes domésticos, entre outras causas.
No Brasil, desde a década de 90, as lombalgias e a dor cervical são as principais causas de incapacidade do país e a enxaqueca é a quarta maior causa. Segundo Kubota, o custo dessas doenças é elevado, por exemplo, só a enxaqueca gera gastos indiretos de cerca de 67 bilhões de reais/ano, segundo estudo de pesquisadores brasileiros realizado em 2020.
Capacitação profissional
Mas, assim como em outras áreas, o tratamento da dor também carece de profissionais capacitados para atuar no mercado. Lin Yeng explica que as escolas de medicina não têm em sua grade de ensino o tratamento da dor como disciplina oficial. Há informações esparsas em cada área.
O HCFMUSP é pioneiro no tratamento da dor e foi o primeiro na América Latina a criar um ambulatório multidisciplinar de dor, em 1974, pelo prof. Dr. Manoel Jacobsen Teixeira. O Curso Interdisciplinar de Avaliação e Tratamento da Dor da USP possui um diferencial importante em relação aos existentes no mercado, por ser o primeiro curso interdisciplinar de dor no Brasil, além da vasta e extensa experiência dos professores, a complexidade dos casos clínicos presentes no HC-FMUSP e a vivência prática do aluno. Foi também o primeiro a criar o curso de formação para especialização em tratamento de dor no estado de São Paulo, com um escopo interdisciplinar abrangente, que aborda temas de todas as áreas da medicina.
Desde sua implantação, há mais de 20 anos, o Curso de Avaliação de Tratamento Interdisciplinar de Dor, coordenado pelos professores Manoel Jacobsen Teixeira, Lin Tchia Yeng e Gabriel Kubota, vem formando profissionais de todas as áreas de saúde.
Em 2025, o HCX da Fmusp promoverá a 21ª edição desse curso, um dos mais completos do mercado, proporcionando uma oportunidade para os profissionais aprenderem os conceitos básicos sobre os diferentes tipos de dor e os princípios gerais de tratamento. O curso, que já está com inscrições abertas, terá início em março de 2025.
Maiores informações no link:
https://hcxfmusp.org.br/portal/online/curso/tratamento-interdisciplinar-dor/
Sobre o HCX
O HCX FMUSP é o centro educacional que reúne e faz a gestão do conhecimento do complexo HCFMUSP. Representa uma nova era no ensino em saúde e está amparado nas inúmeras conquistas em seus mais de 15 anos de história. Desde sua fundação, o HCX qualificou mais de 650 mil profissionais de saúde nos mais de 350 cursos que oferece. São formações EAD, pós-graduações, treinamentos de simulação e programas médicos e multiprofissionais reconhecidos no Brasil e no exterior.
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