O Brasil tem realizado esforços significativos na vacinação contra o sarampo, impulsionado pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), um dos maiores do mundo, que desempenha papel crucial na proteção da saúde dos brasileiros. No entanto, é importante reconhecer que, apesar desses esforços, o país enfrenta desafios para manter altas coberturas vacinais de forma homogênea, e um recente alerta da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) sobre o aumento de casos de sarampo nas Américas ressalta a importância da imunização contínua.
Nos últimos anos, o país avançou significativamente na cobertura vacinal. Em 2024, o Brasil saiu da lista dos 20 países com mais crianças não vacinadas, contrastando com a 7ª posição em 2021, segundo a Unicef/OMS. Além disso, recuperamos o certificado de eliminação do sarampo como problema de saúde pública, concedido pela OPAS/OMS, título perdido em 2019.
Após os últimos casos de sarampo em 2015, o Brasil havia recebido a certificação de eliminação do vírus em 2016. Os anos de 2016 e 2017 não tiveram casos confirmados. No entanto, em 2018, o aumento do fluxo migratório, aliado às baixas coberturas vacinais, facilitou a volta da circulação do vírus. Em 2019, após um ano de circulação contínua do mesmo genótipo (D8) por mais de 12 meses, o Brasil perdeu a certificação de “país livre do vírus do sarampo”. Os números de casos confirmados de sarampo entre 2018 e 2022 totalizaram aproximadamente 39.779. Em 2024, o Brasil registrou 4 casos importados (Paquistão, Inglaterra e Itália).
O Ministério da Saúde enfatiza a importância da vacinação para prevenir casos graves e óbitos por sarampo, com ações para incentivar a imunização em todo o país. Em 2023, 13 dos 16 imunizantes do calendário nacional tiveram aumento na cobertura, incluindo a tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola). A cobertura da primeira dose da tríplice viral passou de 80,7% em 2022 para 88,4% em 2023, e em 2024, já atingiu 92,3%.
A vacina tríplice viral é recomendada em duas doses para pessoas de 12 meses a 29 anos e em dose única para adultos de 30 a 59 anos. Ela é essencial na prevenção de doenças altamente contagiosas como o sarampo, que no passado causaram epidemias e graves problemas de saúde pública.
O sarampo é uma doença altamente contagiosa, uma das principais causas de morte infantil, que suprime a função imune e facilita infecções secundárias. É causado por um vírus de RNA de cadeia simples, isolado em 1954. Os sintomas iniciais incluem febre, mal-estar, tosse, rinite, conjuntivite e angina. Manchas de Koplik (pequenas manchas brancas com centro azul-branco) podem aparecer na mucosa bucal. A erupção eritematosa maculopapular começa na face e pescoço, progride para os braços, tronco e extremidades inferiores, acompanhada de febre alta (40°C-41°C).
O sarampo se dissemina por gotículas no ar e secreções na forma de aerossol, quando o infectado tosse ou espirra, e cada pessoa com sarampo pode infectar em média 12-18 pessoas suscetíveis. Afeta principalmente crianças, e antes da vacinação, era comum na infância, especialmente em menores de 5 anos, embora adultos também possam contrair a doença.
É fundamental enfatizar que, apesar dos esforços do PNI, o Brasil enfrenta desafios em manter a eliminação do sarampo. Fatores como a hesitação vacinal, desigualdades no acesso aos serviços de saúde e surtos importados contribuem para a ocorrência de surtos esporádicos. Manter altas coberturas vacinais de forma homogênea em todo o território nacional é essencial para prevenir futuros surtos e proteger a população mais vulnerável.
*Willian Barbosa Sales é Biólogo, Doutor em Saúde e Meio Ambiente e Coordenador dos cursos de Pós-graduação área da saúde do Centro Universitário Internacional UNINTER.
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JULIA CRISTINA ALVES ESTEVAM
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