Participar do Big Brother Brasil é como viver uma vida inteira em poucos meses. É ser jogado em uma montanha-russa emocional, sair do completo anonimato para o auge da fama, do silêncio da rotina para os gritos dos fãs, das incertezas financeiras para contratos de milhares de reais— tudo isso em um piscar de olhos. É uma experiência que testa os limites psicológicos, mas também oferece um prêmio raro: a chance de mudar de vida. E para muitos, essa chance é irresistível.
Sim, o confinamento é duro. São dias isolado, longe de tudo e de todos, exposto, julgado e desafiado emocionalmente. Mas a promessa do “depois” muitas vezes compensa. A maioria dos participantes sai da casa com muito mais do que prêmios: ganham visibilidade, oportunidades, presentes, status e o mais poderoso dos ativos no Brasil: a fama. Isso, psicologicamente, tem um impacto transformador. A pessoa começa a se ver como alguém que tem valor, que tem influência, que chegou lá. A autoestima dispara, o sentimento de pertencimento cresce, a confiança se fortalece.
Mas a fama é volátil. E é aí que mora o desafio mais cruel dessa jornada. Muitos ex-BBBs conhecem o paraíso e, em pouco tempo, também o inferno. Passam da adoração ao esquecimento. Vivem o privilégio de não poder andar na rua sem ser abordado — e depois, não ter mais convites, nem contrato, nem palco. A mídia perde o interesse, os seguidores migram, o dinheiro some. E a mente, que foi moldada para se sentir importante, reconhecida, aplaudida, entra em colapso ao ser empurrada de volta para o anonimato.
“A fama instantânea cria uma nova identidade. A pessoa deixa de ser quem era para se tornar um ‘personagem público’. Só que, quando essa identidade é arrancada após alguns meses, o vazio que fica pode ser devastador. Muitos enfrentam depressão, ansiedade, crises existenciais”, disse a neuropsicóloga Carol Mattos*. Afinal, como voltar a ser “alguém comum” depois de ter sido aplaudido por milhões? Como lidar com o silêncio depois de tanto barulho?
E é aí que a grande lição do BBB se revela: mais importante do que conquistar a fama, é saber como sustentá-la — ou como se reinventar quando ela se vai. “O dinheiro e os holofotes minimizam os impactos do confinamento, sim. Mas quando eles desaparecem, o que sustenta o psicológico é a estrutura emocional e o autoconhecimento”, afirma a especialista. É entender que a fama não define o valor de uma pessoa. Que o sucesso momentâneo pode ser o início de um novo caminho — e não o fim dele.
“O Big Brother Brasil oferece uma oportunidade única, mas é preciso estar emocionalmente preparado para o que vem depois. O confinamento passa. O que fica é o que você faz com a visibilidade, com o dinheiro, com as conexões. E, principalmente, com você mesmo”, finaliza Carol. Porque, no fim, o maior prêmio não é o dinheiro. É sair de lá sabendo quem você é — com ou sem holofote.
*Carol Mattos é psicóloga formada pela Universidade Paulista, pós-graduada em neuropsicóloga infantil pelo Cepsic (Hospital das Clínicas), em psico oncologia pelo Hospital AC Camargo, e em oncologia pediátrica pelo GRAACC. É especialista no tratamento de dependentes químicos, analista comportamental e terapeuta integrativa.
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SANDRA MARIA MARTINS
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