Por Adriana Ramalho
É extremamente preocupante e trágico o aumento de casos de adolescentes, e até mesmo crianças, que perdem a vida ao participar de desafios perigosos propostos em comunidades online que envolvem a inalação de aerossóis — como desodorantes, limpadores ou sprays de ambiente — em busca de efeitos alucinógenos ou simplesmente para seguir “tendências” virais nas redes sociais.
O resultado tem sido trágico: jovens têm morrido por intoxicação ou parada cardiorrespiratória.
Essa onda de desafios na internet tem feito vítimas fatais entre adolescentes no Brasil e no mundo.
Em São Paulo, um adolescente de 13 anos morreu após inalar grande quantidade de desodorante em spray durante um desses desafios, na frente de colegas de escola. A brincadeira, filmada e compartilhada, terminou em tragédia.
A inalação de aerossóis causa o chamado sniffing, prática semelhante ao uso de inalantes como lança-perfume. Essas substâncias químicas atuam diretamente no sistema nervoso central, podendo causar tontura, desmaio, arritmia, parada cardíaca e até morte súbita — mesmo após uma única exposição intensa. Segundo o estudo “Parada Cardíaca por Inalação de Spray Desodorante”, publicado em 2018 no jornal científico BMJ Case Reports, a prática pode causar uma depressão do sistema nervoso central e insuficiência respiratória, causada pela pulverização direta do produto na faringe.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, entre 2022 e 2024, foram registrados mais de 300 atendimentos de emergência relacionados à inalação de produtos domésticos entre jovens de 10 a 18 anos. A maioria dos casos está ligada a tentativas de imitar vídeos de desafios virais.
Em fevereiro, uma menina de 7 anos do ABC Paulista inalou o spray de um desodorante após assistir a um vídeo nas redes sociais e teve uma parada cardíaca. Em março, outros dois casos vieram à tona: o de Brenda Sophia Melo de Santana, de 11 anos, de Pernambuco; e o de Sarah Raissa Pereira de Castro, de 8 anos, do Distrito Federal.
A pneumologista Dra. Silvia Marques explica: “Os aerossóis contêm gases como butano, isobutano e propano. Eles substituem o oxigênio nos pulmões e no cérebro, o que pode levar a desmaios, convulsões ou morte em poucos minutos. É um risco real e subestimado.”
Campanhas de conscientização estão sendo organizadas por escolas, ONGs e instituições de saúde para alertar famílias e educadores. As redes sociais também são pressionadas por autoridades a remover vídeos que incentivam práticas perigosas.
Responsabilidade e Prevenção:
A recorrência desses casos levanta sérias questões sobre a responsabilidade das plataformas de redes sociais na disseminação de conteúdo perigoso e a necessidade de medidas mais eficazes para proteger crianças e adolescentes online. Especialistas defendem uma punição severa tanto para quem propõe e divulga esses desafios quanto para as redes sociais que não atuam com a urgência necessária para remover tais conteúdos.
A prevenção é crucial e envolve:
Diálogo Aberto: Pais e responsáveis devem manter um diálogo aberto e constante com crianças e adolescentes sobre os perigos dos desafios online e a importância de não participar de atividades que coloquem sua saúde e vida em risco.
Monitoramento Parental: É fundamental monitorar a atividade online dos filhos e estar atento aos conteúdos que eles consomem e aos grupos e comunidades que participam.
Conscientização: É importante conscientizar crianças e adolescentes sobre os riscos reais e graves associados à inalação de aerossóis e outros desafios perigosos.
Regulamentação e Ação das Plataformas: As plataformas de redes sociais precisam implementar mecanismos mais eficazes para identificar, remover e impedir a disseminação de conteúdos perigosos, além de colaborar com as autoridades na identificação dos responsáveis pela criação e divulgação desses desafios.
Por trás desses desafios, muitas vezes há uma carência de pertencimento, autoestima baixa e falta de orientação. Precisamos oferecer escuta e acolhimento.”
Se souber de alguém participando desses desafios ou apresentando comportamentos de risco, procure ajuda médica e psicológica. E denuncie conteúdos perigosos às plataformas responsáveis.
Adriana Ramalho
Formada em Direito, política (vereadora em SP 2016/2020), ativista social e palestrante sobre combate a violência doméstica, alienação parental, empreendedorismo feminino, e saúde mental.
Fonte: AL9 Comunicação
Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
ANA MARIA DE SOUZA LOPES
al9comunica@gmail.com