Por Silvia Rezende
O Carnaval, uma das festas mais populares do Brasil, tem suas raízes na expressão latina “carnis levale”, que significa “retirar a carne”. Este período é marcado por festas, fantasias e uma sensação de liberdade, onde as pessoas se permitem ultrapassar seus próprios limites e se entregar aos prazeres. No entanto, essa atmosfera de euforia também pode trazer à tona comportamentos inadequados, como o assédio.
O assédio no Carnaval pode ocorrer de diversas formas, desde toques indesejados até abordagens insistentes. Relatos de mulheres que foram assediadas, tocadas, forçadas a beijar e até abusadas durante os blocos de rua são comuns. Essa violência tem impactos psicológicos profundos, afetando a saúde mental e a qualidade de vida das vítimas de maneira significativa. O trauma psicológico resultante pode incluir sintomas de estresse pós-traumático, como flashbacks, pesadelos, ansiedade generalizada e depressão. Além disso, as vítimas podem apresentar mudanças de humor, isolamento social, alterações no sono e dificuldade de concentração.
Campanhas de prevenção e conscientização são essenciais para combater o assédio no Carnaval. Muitas vezes, as vítimas não conseguem identificar o assédio e sentem culpa ou responsabilidade pelos comportamentos inadequados, o que dificulta a denúncia. A normalização desses comportamentos reforça a importância de iniciativas de acolhimento e conscientização.
Para superar o trauma, é fundamental buscar tratamento adequado. A Terapia Cognitivo-Comportamental Focada em Trauma (TF-CBT) oferece uma abordagem eficaz para lidar com problemas de saúde mental relacionados a traumas, reduzindo sintomas de TEPT, ansiedade e depressão. A psicoterapia combinada com tratamento psiquiátrico tem mostrado ótimos resultados, ajudando o paciente a compreender e ressignificar as experiências traumáticas.
Procurar um lugar seguro ao reconhecer uma situação de assédio é crucial. Relatar o ocorrido para amigos, seguranças ou autoridades pode fazer a diferença. Antes de sair para a folia, vista-se com a roupa da autoestima e pratique o autocuidado, definindo seus limites e afastando-se ao menor sinal de desconforto.
O Carnaval deve ser um momento de alegria e celebração, mas é importante lembrar que o respeito e a segurança de todos são fundamentais para que a festa seja verdadeiramente inclusiva e prazerosa.
**Silvia Rezende é graduada em Pedagogia e Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, Silvia possui especialização em Terapia Comportamental Cognitiva em saúde mental pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Ela é a coordenadora técnica da Clínica de Psicologia LARES e professora do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Silvia atua também como psicóloga colaboradora no IPQ HC FMUSP e no Programa de Psiquiatria Social e Cultural (PROSOL), um grupo do Instituto de Psiquiatria da FMUSP.
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