A fase inicial da vida escolar é um momento crucial para o desenvolvimento da fala das crianças. A interação social em sala de aula, o estímulo adequado em casa e o acompanhamento profissional, por exemplo, são fatores fundamentais para garantir uma evolução saudável na comunicação infantil.
A Profa. Dra. Betina Sguario Moreschi Antonio, do curso de Fonoaudiologia do UniBrasil, explica como pais e educadores podem contribuir para esse processo.
O papel da família e da sala de aula no desenvolvimento da fala
De acordo com Betina, o ambiente escolar proporciona experiências essenciais para o aprimoramento da comunicação. “As crianças aprendem observando e imitando a forma como os outros falam, adquirindo novas palavras, estruturas gramaticais e maneiras de se comunicar efetivamente”, destaca.
Além disso, a interação com colegas e professores permite que a criança receba um retorno imediato sobre a sua fala, favorecendo a autocorreção e a consolidação de formas corretas de se expressar.
A professora alerta que atividades em grupo também desempenham um papel essencial, pois estimulam o desenvolvimento cognitivo e, consequentemente, as habilidades linguísticas. Com isso, quanto mais as crianças são desafiadas a pensar e se expressar, mais podem avançar no aprendizado da fala.
Outro ponto que colabora significativamente no desenvolvimento da fala é a prática da leitura. A Profa. Dra. Betina destaca que ao lerem para a criança diariamente em casa, os pais podem contribuir para ampliar o vocabulário e ensinar a estruturação correta das palavras.
“Conversar com a criança sobre o seu dia, seus sentimentos e interagir por meio de jogos de palavras, músicas e rimas são formas naturais de incentivá-la a se expressar. Além disso, pequenas atitudes como demonstrar interesse pelo que a elas dizem e valorizar suas conquistas também as encoraja a falar mais”, explica a professora.
Sinais de alerta para atrasos na fala
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Entre os sinais que podem indicar dificuldades no desenvolvimento da fala, a formação de frases simples e o avanço do vocabulário são alguns dos principais termômetros, tanto para pais quanto para educadores.
Aos dois anos, a criança deve ser capaz de usar ao menos 50 palavras e começar a formar frases simples. Aos três anos, espera-se que formule frases com três ou mais palavras. Caso isso não ocorra, a Profa. Dra. Betina alerta sobre a importância em se procurar orientação profissional.
“Para ajudar as crianças a superar a gagueira, por exemplo, os profissionais de fonoaudiologia costumam adotar diferentes estratégias para ajudar ela a lidar com a frustração e o estresse associados à gagueira, criando um ambiente de comunicação seguro e sem pressão. Envolver pais e educadores no processo terapêutico também é uma importante estratégia”, explica.
Dificuldades na pronúncia além dos quatro anos, gagueira excessiva e repetição de sons de forma não natural também merecem atenção especial.
“Algumas trocas de sons são aceitáveis até certa idade, se a criança tem muita dificuldade para pronunciar palavras de forma compreensível até os 4 anos, vale atenção. Se a criança repete sons, sílabas ou palavras de forma excessiva e não natural, pode ser um sinal de gagueira ou outro problema de fluência”, ressalta a professora.
Atenção ao bullying e o suporte para crianças com autismo
Outro aspecto importante é o cuidado com crianças que podem enfrentar dificuldades na fala devido a transtornos do neurodesenvolvimento, como o autismo, por exemplo. Para a professora, o apoio familiar e das escolas é vital à criança autista para garantir que ela tenha o suporte necessário em todos os ambientes.
Por isso, a Profa. Dra. Betina reforça a importância de um plano de intervenção personalizado, que pode incluir o uso de comunicação alternativa por meio de sinais, imagens ou aplicativos. Ela também ressalta sobre a necessidade de conscientização sobre o bullying, pois crianças com dificuldades de fala podem ser alvo de brincadeiras maldosas, afetando seu desenvolvimento emocional e social.
“Crianças que gaguejam ou têm outras disfluências podem, infelizmente, ser alvos de bullying, o que pode agravar suas dificuldades e impactar profundamente seu desenvolvimento emocional e social. Por isso, pais e professores devem estar atentos e promover um ambiente acolhedor e respeitoso para essas crianças”, destaca Betina.
Como a Fonoaudiologia pode apoiar o aprendizado da fala
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De acordo com Profa. Dra. Betina, a formação de estudantes de Fonoaudiologia para lidar especificamente com crianças é bastante abrangente e envolve várias estratégias de ensino e aprendizagem. Durante os estágios na Clínica Escola de Fonoaudiologia do UniBrasil, por exemplo, os alunos participam de aulas teóricas e práticas, além de realizarem os atendimentos com a supervisão de um profissional professor qualificado.
No Centro Universitário, os alunos participam de estágios supervisionados desde os primeiros semestres, em clínicas-escola e hospitais vinculados ao UniBrasil, tendo acesso a um currículo alicerçado em ciências básicas, neurociências, linguística, psicologia, entre outras disciplinas essenciais para compreender os processos envolvidos na comunicação humana.
“A formação também inclui o trabalho em equipe interdisciplinar, preparando os estudantes para colaborar com outros profissionais de saúde no cuidado integral das crianças”, complementa Betina.
Além disso, a área de Fonoaudiologia conta com inovações tecnológicas que aprimoram os tratamentos, como aplicativos que utilizam jogos para tornar as terapias mais dinâmicas e a eletromiografia de superfície, que auxilia no tratamento de dificuldades motoras faciais.
“Esses avanços recentes na área de fonoaudiologia são bastante promissores e ajudam a tornar a terapia mais interativa e interessante, especialmente para crianças, aumentando a frequência e a eficácia das sessões”, conclui a Profa. Dra. Betina Sguario Moreschi Antonio.
Com os estímulos adequados e um olhar atento é possível garantir que todas as crianças desenvolvam sua comunicação de maneira saudável, essencial para sua vida escolar e social.
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Pedro Henrique de Lima Moraes
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