No próximo dia 20 de outubro, celebra-se o Dia de Combate ao Bullying, uma data importante para conscientizar pais, educadores e toda a sociedade sobre os efeitos devastadores que essa forma de violência psicológica pode causar, especialmente nas crianças e adolescentes. O bullying não apenas afeta o emocional, mas também provoca mudanças no cérebro das vítimas, como explica a pediatra Flávia de Freitas Ribeiro, especialista em psiquiatria infantil.
O Impacto do Bullying no Cérebro
Segundo uma pesquisa realizada pela Universidade King’s College London, crianças que sofrem bullying repetidamente têm maior risco de desenvolver problemas de saúde mental a longo prazo. O estudo mostra que o bullying altera a estrutura do cérebro, especialmente na região do córtex cerebral, que é responsável por funções como memória, atenção e controle emocional. Além disso, a pesquisa aponta que vítimas de bullying podem apresentar um risco 40% maior de desenvolver transtornos como depressão e ansiedade na vida adulta.
“Os danos do bullying não se limitam ao presente”, afirma a Dra. Flávia de Freitas Ribeiro. “Essas alterações no cérebro podem resultar em dificuldades emocionais e de socialização ao longo de toda a vida, reforçando a importância de uma intervenção precoce.”
Como os Pais Devem Agir?
Ao perceber que uma criança está sofrendo bullying, muitos pais podem se sentir impotentes ou não saber como agir de forma efetiva. De acordo com a Dra. Flávia, o primeiro passo é criar um ambiente seguro e aberto em casa, onde a criança sinta que pode compartilhar suas experiências sem medo de represálias ou julgamentos.
“A escuta ativa é fundamental. Muitas crianças podem não falar abertamente sobre o bullying por vergonha ou medo de piorar a situação. Por isso, os pais precisam ficar atentos a sinais indiretos”, orienta a pediatra. Entre os sinais de que uma criança pode estar sofrendo bullying, estão mudanças bruscas de comportamento, como:
• Queda no desempenho escolar
• Falta de interesse em atividades antes apreciadas
• Distúrbios no sono e no apetite
• Afastamento social
• Queixas frequentes de problemas físicos, como dores de cabeça ou de estômago
“Se a criança demonstra sinais de tristeza persistente, chora sem motivo aparente ou evita ir à escola, esses podem ser alertas de que algo está errado. Nessas situações, os pais devem abordar o assunto de maneira suave e compreensiva, sempre demonstrando apoio”, explica Flávia.
O Que Fazer se Seu Filho Está Praticando Bullying?
Embora seja natural que os pais se preocupem quando a criança é vítima, também é importante prestar atenção caso o filho esteja praticando bullying. “Quando uma criança pratica bullying, ela está sinalizando um problema emocional que também precisa ser abordado”, afirma a Dra. Flávia.
A pediatra destaca que os pais devem evitar punições severas, que podem intensificar comportamentos agressivos. “O ideal é conversar e tentar entender a raiz do comportamento, ajudando a criança a desenvolver empatia e ensinando-a a lidar com suas emoções de maneira saudável. Acompanhamento psicológico pode ser necessário tanto para a vítima quanto para o agressor”, sugere Flávia.
Além disso, é crucial envolver a escola no processo. Professores e orientadores educacionais podem ser grandes aliados para mediar conflitos e criar um ambiente mais acolhedor para todos os alunos.
O bullying é uma realidade que precisa ser enfrentada com seriedade e empatia, tanto por pais quanto por educadores. Neste Dia de Combate ao Bullying, é essencial lembrar que toda criança merece crescer em um ambiente seguro, respeitoso e livre de violência. Como ressalta a Dra. Flávia, “o impacto do bullying vai muito além da infância, afetando a saúde mental a longo prazo. Por isso, o diálogo, a prevenção e a busca por apoio profissional são fundamentais para proteger o bem-estar das nossas crianças.”
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SARAH MONTEIRO DE CARVALHO
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