Nos últimos dias, o Brasil tem registrado um aumento expressivo na incidência de doenças respiratórias e internações hospitalares, impulsionado por uma combinação de fatores climáticos e ambientais. Segundo dados parciais da Secretaria Municipal de Saúde (SMS-BH), o atendimento a pessoas com doenças respiratórias disparou 18% em Belo Horizonte neste ano. Áreas afetadas por queimadas e pela falta de chuvas estão passando por uma piora ainda maior na qualidade do ar, o que aumenta a exposição a poluentes prejudiciais, especialmente para grupos mais vulneráveis, como crianças, idosos e pessoas com comorbidades.
O impacto das queimadas é particularmente preocupante. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) revelam que o número de focos de incêndio no Brasil em 2024 já superou a marca de 70 mil, um aumento de 15% em relação ao ano anterior. A fumaça dessas queimadas libera partículas finas e gases tóxicos, como monóxido de carbono e dióxido de enxofre, que, quando inalados, podem desencadear ou agravar condições respiratórias como asma, bronquite e doenças pulmonares obstrutivas crônicas (DPOC).
Em tempos de baixa qualidade do ar e aumento dessas doenças, a alimentação e a hidratação desempenham um papel crucial na proteção e fortalecimento do sistema respiratório. Alessandra Lovato, professora de nutrição do Centro Universitário Newton Paiva, trouxe dicas essenciais para a saúde e o bom funcionamento do organismo de forma geral:
Vitamina C: Alimentos como laranja, limão, acerola, kiwi, morango e brócolis são ricos em vitamina C, essencial para fortalecer o sistema imunológico e proteger as vias respiratórias. A vitamina C também tem propriedades antioxidantes que ajudam a combater os danos causados por radicais livres, comuns em climas secos e poluídos.
Ômega-3: Peixes mais gordurosos, como salmão, sardinha e atum, são excelentes fontes de ômega-3, um ácido graxo com propriedades anti-inflamatórias. “O consumo regular desses peixes pode ajudar a reduzir a inflamação nas vias respiratórias, protegendo os pulmões e facilitando a respiração”, destaca a especialista.
Propriedades anti-inflamatórias: Gengibre, cúrcuma e alho são conhecidos por suas propriedades anti-inflamatórias. Incorporar esses ingredientes na dieta, seja em chás, sopas ou temperos, pode ajudar a aliviar sintomas respiratórios, como congestão nasal e tosse, comuns em climas secos.
Hidratação: Em climas secos, é fundamental manter as mucosas respiratórias úmidas. Beber ao menos 2 litros de água por dia é essencial. Chás de ervas, como hortelã e camomila, e sucos naturais, sem adição de açúcar, também são boas opções para manter a hidratação. Além disso, é recomendável utilizar umidificadores em ambientes fechados para manter o ar úmido e facilitar a respiração. Respirar vapor de água quente, como no banho, também pode ajudar a aliviar a secura das vias respiratórias.
Frutas: Melancia, melão, abacaxi e laranja possuem alto teor de água, ajudando a manter o corpo hidratado e as mucosas respiratórias protegidas. Além disso, são ricas em vitaminas e minerais, que fortalecem o sistema imunológico.
Sopas e caldos: Excelentes para hidratar e nutrir o corpo em climas secos. Optar por caldos ricos em vegetais e proteínas, como frango e peixe, pode ajudar a manter a saúde das vias respiratórias, além de fornecer nutrientes essenciais para o organismo.
Folhas verdes escuras: Vegetais de folhas verdes escuras, como espinafre, couve e rúcula, são ricos em vitaminas A e C, essenciais para a manutenção da saúde pulmonar. Eles ajudam a proteger as mucosas e a reduzir a inflamação, melhorando a respiração em ambientes secos.
Alimentos desidratantes: Alimentos com alto teor de sal e cafeína, como salgadinhos, café e refrigerantes, podem desidratar o corpo, agravando os sintomas de ressecamento nas vias respiratórias. É importante limitar o consumo desses alimentos, especialmente em climas secos, para garantir que o corpo permaneça bem hidratado.
Gorduras saudáveis: Abacate, nozes e azeite de oliva são fontes de gorduras saudáveis que ajudam a manter a integridade das células pulmonares. Essas gorduras também possuem propriedades anti-inflamatórias, contribuindo para a saúde respiratória em climas secos.
É crucial lembrar que, além da alimentação, medidas como evitar ambientes com ar seco e a exposição a poluentes são fundamentais para manter a saúde durante este período. “A combinação de uma dieta balanceada, rica em alimentos que beneficiam a respiração, com uma boa hidratação, pode ser uma poderosa aliada na prevenção e no tratamento das doenças respiratórias, especialmente em um momento em que os desafios ambientais se tornam cada vez mais evidentes”, conclui a especialista.
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LIVIA BRANDAO DE CAMPOS
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