A inteligência artificial (IA) tem desempenhado um papel cada vez mais importante na medicina, melhorando a precisão dos diagnósticos, otimizando os tratamentos e personalizando o atendimento ao paciente, possibilitando que médicos se concentrem em tarefas adicionais aos prognósticos. No entanto, assim como na sociedade em geral, existe um debate – e o medo – de que a tecnologia substitua o homem.
Essa preocupação não é nova: todas as vezes que a humanidade está diante de uma revolução dos meios de produção, teme-se pelos empregos que serão perdidos. Foi o que ocorreu na Revolução Industrial, por exemplo. É fato que está havendo especialização – ou Revolução Tecnológica –, e máquinas substituirão funções manuais, exigindo com que nós, humanos, fiquemos responsáveis pela supervisão das demandas e conclusões, sendo um aliado ao outro.
Eis alguns exemplos de como eles já estão ajudando o setor da saúde: um estudo publicado na revista Nature em 2023 mostrou que um algoritmo de IA conseguiu diagnosticar 13 vezes mais casos de câncer de mama em mamografias comparado a radiologistas humanos. Atualmente, mais de 20% dos cânceres não são detectados pelos atuais métodos, ou seja, sem a ajuda de IA.
A precisão diagnóstica é uma das áreas em que a IA tem se mostrado eficaz, analisando uma quantidade colossal de dados para treinar seus modelos a fim de identificar sutis padrões que os humanos podem deixar passar. Isso não significa que os radiologistas não seriam mais necessários, e sim designados a tarefas mais analíticas, como interpretar resultados inconclusivos.
A realidade é que a inteligência artificial está ajudando a aliviar a carga de trabalho dos profissionais de saúde e não apenas na linha de frente, mas também na burocracia. Segundo um estudo feito com mais de 3 mil médicos na Califórnia, a IA ajudou a economizar até uma hora por dia no computador transcrevendo prontuários médicos. Um microfone com a tecnologia acoplado ao celular durante os encontros médico-paciente foi a solução para automatizar a tarefa repetitiva e demorada, já que o dispositivo transcrevia automaticamente a conversa.
A IA deve ser vista como uma ferramenta poderosa que apoia e complementa o trabalho tanto por profissionais do setor como por pacientes. O Pew Research Center mostrou em 2023 que 60% dos estadunidenses se sentiriam “desconfortáveis” se a IA fosse aplicada nos cuidados de saúde. Novamente, em tempos de mudança, é natural a incerteza. Porém, devemos assegurar e enaltecer as qualidades da tecnologia, mostrando seus benefícios a todos. Esse feito depende de uma abordagem colaborativa entre especialistas: cientistas de dados e médicos. Ambos devem trabalhar juntos não só para desenvolver e ajustar algoritmos que atendam às necessidades clínicas reais, mas para espalhar informação e garantir a segurança a leigos.
A maneira na qual a inteligência artificial está transformando a medicina é profunda, sem volta e positiva. Ela aumenta a precisão dos diagnósticos, personaliza tratamentos e alivia a carga de trabalho; está longe de ser uma ameaça. Pelo contrário: deve-se investir em mais educação para que a falta de informação não prejudique os avanços que estão sendo realizados e para que mais profissionais sejam capazes de lidar com essa nova realidade. Com uma colaboração harmoniosa entre máquina e humano, o futuro da saúde promete ser ainda mais brilhante e inovador.
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MYLENA VITORIA QUINTAO
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