No Dia dos Jovens, celebrado neste 13 de abril, é impossível ignorar a realidade emocional que acompanha essa fase da vida. Mais do que uma comemoração simbólica, a data convida a sociedade a refletir sobre os desafios enfrentados por uma geração que cresce sob o peso da performance, da exposição constante nas redes sociais e da cobrança por um futuro brilhante – mesmo quando o presente parece nebuloso.
Ansiedade, insegurança, depressão, comparação social e medo da exclusão são alguns dos sentimentos mais comuns entre adolescentes e jovens adultos. “Eles vivem em um cenário de muita exigência emocional, onde o simples ato de existir parece insuficiente. Precisam performar, pertencer, ter sucesso, ser bonitos, produtivos e felizes o tempo todo”, explica a psicóloga Tâmille Cristhine de Morais, especialista em saúde mental de adolescentes e orientação de pais.
A perfeição que adoece
Segundo Tâmille, a pressão acadêmica e social exerce um impacto direto na saúde mental dos jovens. “Muitos acreditam que precisam ser perfeitos para serem aceitos. Isso gera uma espiral de estresse, baixa autoestima e até crises de ansiedade e depressão. Quando o medo do fracasso domina, é comum vermos procrastinação, isolamento e autossabotagem.”
A cobrança vem de todos os lados: família, escola, amigos e, principalmente, de si mesmos. E a era digital só amplia esse cenário. O feed do Instagram virou vitrine de padrões irreais – de corpo, sucesso, relacionamentos e estilo de vida. “O uso excessivo das redes sociais contribui para a comparação constante, prejudica a regulação emocional e interfere até no sono. Os jovens estão mais conectados do que nunca, mas cada vez mais distantes de si mesmos”, alerta a especialista.
A importância da autoestima
Em meio a esse turbilhão, um fator pode fazer toda a diferença: a construção da autoestima. “Quando o jovem desenvolve uma visão realista e compassiva de si, ele se torna mais resistente às pressões externas. Enfrenta desafios com mais coragem, estabelece relações saudáveis e reconhece suas qualidades e limitações”, afirma Tâmille.
Segundo ela, o papel dos pais e educadores nesse processo é crucial. “Acolher, escutar sem julgamento e valorizar os esforços – e não só os resultados – ajuda o adolescente a se sentir visto e aceito. Isso constrói segurança emocional.”
E o que os pais podem fazer?
Para ajudar os filhos a enfrentarem a ansiedade e o estresse do dia a dia, o primeiro passo é validar os sentimentos deles. “Evitar frases como ‘isso é bobagem’ ou ‘na sua idade eu já fazia muito mais’ é essencial. Os jovens precisam se sentir compreendidos. Técnicas simples, como respiração, organização da rotina e pausas para o lazer, fazem diferença. E, se necessário, buscar ajuda profissional não é fraqueza – é cuidado.”
Juventude não é invencível
Por trás dos filtros, curtidas e boletins escolares, há jovens em construção. E essa construção não é linear – é feita de tropeços, dúvidas, inseguranças e (muitas vezes) lágrimas. Neste Dia dos Jovens, que a escuta, o afeto e a empatia sejam as ferramentas mais potentes para transformar a juventude em um espaço de potência – e não de cobrança.
Tâmille Cristhine de Morais
Psicóloga (CRP 08/23924)
Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental para crianças e adolescentes
Instagram: @psitamille.morais
Atende crianças, adolescentes, pais e mulheres – com foco em acolhimento e escuta ativa.
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SARAH MONTEIRO DE CARVALHO
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